Papai meu líder

                                                   


                                      Papai meu líder


             Uma mão forte e firme me segurava e tentava me explicar às coisas da vida, com carinho foi mostrando-me o mundo ao meu redor, às vezes cansado, mesmo assim sorrindo, contava histórias para que eu pudesse dormir.
             Quando eu ficava triste brincava de cavalinho para que eu pudesse sorrir.
             Quando ficava doente, corria para os seus braços, pois estes eram fortes e másculos, eles me aconchegavam e não me deixava sentir medo.
             Fui crescendo e ele sempre me apoiando nas minhas alegrias, tristezas, sorrindo das minhas travessuras e me ensinando através de gestos e palavras.
             Aquele olhar calmo, o semblante lindo, só transmitia bondade para nossa família. Foi o meu mestre, meu amigo, meu protetor. Com ele aprendi a amar a DEUS e a vida, tornando-se meu líder.
             Tocava violão para me alegrar e elogiava sempre a minha arte, as minhas pinturas.
             O tempo passou, eu cresci, eu mudei, tive que lutar por um lugar ao sol e com sua ajuda eu consegui estudar, fazer faculdade, trabalhar... Sendo obrigada há deixar um pouco de lado o meu amigão e quando sobrava tempo para dialogar, eu somente o olhava com amor, minha vontade era correr para os seus braços como uma criança e contar todos os meus conflitos, mas eu cresci e não podia levar-lhe aborrecimentos. Agora era ele quem precisava de descanso e do meu sorriso.
             Ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas ele construiu pra mim um alicerce sólido, firme e cheio de amor.
             E com muita alegria, vou apresentar-lhes o meu líder, ele se chama Antonio Marques, ferroviário aposentado, seus cabelos estão grisalhos e não é mais jovem na idade. Agora quando ele conta suas histórias eu me calo, apenas: quero aproveitar o máximo sua presença, pois sei que um dia terá que partir.
             Papai querido, tudo que sou hoje devo ao Senhor, pois através da sua humildade, consegui acreditar e um novo amanhecer com fé e esperança.
             Nunca se esqueça, eu cresci, mas serei sempre uma eterna criança, e, assim sendo, preciso de Você.
             Eu te amo, este é o meu presente.



Essa homenagem foi escrita e publicada no Jornal O Imparcial em 1986, no dia dos Pais.
Ele veio a falecer em 2001.